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Destaques da edição de Agosto de 2019
Por: João Seles
Thomas Malthus, no fundo da sua sepultura, deve seguir com um certo regozijo o aumento da população africana, com a secreta esperança de que o seu “pessimismo” poderá, finalmente, triunfar definitivamente sobre as teses utopistas da filosofia das Luzes.
Basicamente, ele defendeu, nas primeiras décadas do séc. XVIII, que a população humana cresceria de forma geométrica, enquanto a produção dos meios de subsistência cresceriam de forma aritmética, com uma evidente ruptura da sua sustentabilidade e sobrevivência.
A sua teoria foi devidamente anotada pelos principais teóricos economistas de Ricardo a Marx, mas a sua visão de colapso milenarista nunca se registou. Mas, o actual “dividendo” demográfico africano faz soar as campainhas de alarme das cimeiras de emergência aos ouvidos dos decisores políticos, que até agora não pareciam muito preocupados com a questão.
Os números são eloquentes: a população africana passará de mil milhões a 1,6 mil milhões em 2030, para atingir cerca de 20% da população mundial. Na África do Oeste, os jovens com menos de 25 anos constituem 64% da população, uma classe etária numa situação de desemprego, que atinge 60%; uma juventude que se debate com problemas de acesso à educação e à saúde, sem esperança de qualquer “emprego sério”, procura os caminhos da emigração ou torna-se presa fácil de radicalismos políticos, ou mesmo da marginalidade criminosa.
A população mundial será de 7,5 mil milhões de habitantes, em 2050, e 10 mil milhões em 2100, enquanto o continente africano terá 2,5 mil milhões em 2050, e 4,5 milhões em 2100, segundo números do Instituto Francês de Estudos Demográficos.
A explosão demográfica africana, que poderia ser uma mola do desenvolvimento, poderá fazer capotar todos os ganhos do crescimento económico das últimas décadas.
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